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Luiz André Batistello

Languedoc, o maior vinhedo da França


Até pouco tempo atrás, os vinhos do Languedoc, associados à produção de volume, preços baixos e Indicações Geográficas vastas, com pouca tradução do terroir, careciam do devido reconhecimento. Não obstante ser uma das áreas precursoras na viticultura com a chegada dos romanos no século I d.C., esta parte da Costa Mediterrânea, nunca possuiu a reputação de míticas regiões francesas como a Borgonha, Bordeaux, Vale do Rhône ou Champagne.

O Languedoc viu a ‘Révolte de Vignerons’ de 1907, cujas manifestações duraram semanas levando às ruas mais de 150 mil pessoas contra a falta de regulação dos preços mínimos, e, a entrada dos vinhos da Argélia (ainda colônia francesa) em um período em que a superprodução era a regra e a comercialização estagnada. Durante este período de instabilidades na economia do setor, a produção regional se estruturou em torno do modelo de cooperativas que predominou até os anos 90. Nas últimas duas décadas o Conselho Interprofissional dos Vinhos do Languedoc (CIVL) vem promovendo uma revolução em termos de mapeamento de zonas e aumento da qualidade.

Atualmente, o Languedoc conta com 21 Apelações Controladas e 22 Indicações Geográficas. Sete áreas são consideradas Crus du Languedoc: Corbieres-Boutenac AOC, Faugeres AOC, La Clape AOC, Minervois-La Liviniere AOC, Pic Saint Loup AOC, Saint-Chinian Berlou AOC e Saint-Chinian Roquebrun AOC.

A área cultivada é de 224 mil hectares, fazendo do Languedoc a maior zona vitivinícola da França, e o Languedoc-Roussillon a maior do mundo. O número de produtores é de 21.373, responsáveis pela produção anual de 1.8 bilhões de garrafas, sendo 76% vinhos tintos, 14% rosés e 10% brancos, dos quais 93% é vinho seco, 5% efervescentes e 2% vinhos doces Muscat.

O mercado doméstico representa 67% das vendas enquanto que a exportação não para de crescer para países como a China 19%, Reino Unido 13%, Bélgica 12%, Alemanha 11% e EUA 10%.

Além, do sucesso no mercado exterior, a região também é a que mais possui vinhedos em viticultura orgânica – 21.910 hectares, incluindo 3.379 (ha) em conversão. Os solos são variados, com areias, calcário, argilo-calcário, xisto e seixos e o clima mediterrâneo.

As áreas delimitadas em Indicação Geográfica são as maiores produtoras de Chardonnay e Merlot da França, na frente das regiões tradicionais destas castas, Borgonha e Bordeaux. Para os vinhos produzidos em Apelação Controlada as principais tintas são: Syrah, Grenache Noir, Carignan, Mourvedre e Cinsault, enquanto que as brancas são majoritariamente: Grenache Blanc, Roussanne, Marsanne, Vermentino, Viognier e Clairette.

Duas particularidades locais são os vinhos à base de uvas Muscat à petits grains e os vinhos espumantes de Limoux com a uva Mauzac. Os Blanquette de Limoux são considerados os mais antigos vinhos efervescentes do mundo, cujos relatos históricos remontam ao ano 1544, mais de dois séculos antes das primeiras experiências feitas por Dom Pérignon. Santé!


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